Instituto Trajetórias assina acordos para 230 bolsas de estudo no exterior em cinco anos, totalizando mais de R$ 38 milhões
- Instituto Trajetórias

- 21 de out.
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Atualizado: 22 de out.

O Instituto Trajetórias assinou, na segunda-feira (20 de outubro), acordos de cooperação com o Estado do Rio Grande do Sul e com a Prefeitura do Recife para viabilizar 230 bolsas de estudo de mestrado em universidades de excelência no exterior. No total, os benefícios somam mais de R$ 38 milhões.
O Rio Grande do Sul vai disponibilizar 150 bolsas ao público geral e 50 a servidores públicos. O Recife terá 30 bolsas para servidores públicos. Os detalhes sobre as bolsas serão divulgados nos editais, no início de 2026.
Em evento em São Paulo, o Instituto Trajetórias reuniu parceiros estratégicos para debater a importância da internacionalização do ensino superior. Também serão assinados protocolos de intenções com os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo – que devem resultar em mais bolsas de estudo e incentivos.
No evento “Conexão Global - Transformando a Trajetória de Talentos Brasileiros”, contamos com os seguintes speakers:
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo
Mateus Simões, vice-governador de Minas Gerais
João Campos, prefeito do Recife
No Brasil, apenas 1% dos adultos com idade entre 25 e 34 anos tem diploma de mestrado ou equivalente. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o índice é de 16%. A informação está no relatório Education at a Glance 2025, divulgado pela OCDE, com dados de países ligados à organização e parceiros.
O Instituto Trajetórias, lançado em setembro, é uma iniciativa sem fins lucrativos dedicada a ampliar o acesso de talentos brasileiros a cursos de mestrado nas melhores universidades do mundo.
Conta com o apoio das Fundações Lemann e VélezReyes+, que identificaram a oportunidade de criar um modelo escalável, de impacto e financeiramente sustentável para ampliar o acesso de milhares de brasileiros a uma educação de ponta.
“A dimensão positiva mais óbvia da internacionalização é o investimento em cérebros, em capital humano que retorna para contribuir para o desenvolvimento do país, com mais inovação e mais pontes econômicas e culturais”, diz Leany Lemos, CEO do Instituto. “Existem benefícios econômicos e não econômicos.”
O primeiro grupo de beneficiados será selecionado em 2026, com editais previstos para o primeiro semestre do próximo ano, a partir de fevereiro. O Instituto planeja ampliar gradativamente o número de contemplados, até atingir a marca de 1.000 estudantes por ano em 2035, no máximo.
“Acreditamos que estudar fora não é apenas uma experiência individual, mas estratégia nacional de desenvolvimento”, afirma Leany. “Em 10 anos, pretendemos enviar mais de 5.000 bolsistas ao exterior.”
Potencial acadêmico e profissional
Apesar do potencial acadêmico e profissional, o Brasil envia proporcionalmente muito menos estudantes de pós-graduação para o exterior do que países de nível de desenvolvimento semelhante, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Trajetórias em parceria com o economista Pedro Nery.
Em 2022, o Brasil tinha quase 30 mil estudantes de mestrado e doutorado no exterior. Na comparação com países emergentes, controlando por população e renda, o país poderia ter 52 mil talentos matriculados em universidades estrangeiras.
O estudo do Instituto Trajetórias mostra que a mobilidade de pós-graduandos concentra-se em poucos gigantes. Em 2022, China e Índia tiveram, sozinhas, dois terços de mestrandos e doutorandos matriculados nos principais destinos com universidades mais reconhecidas internacionalmente (Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Canadá, Austrália e Japão). Cada um dos asiáticos tinha mais de 300 mil alunos nesses destinos. Logo depois, surgem Nigéria e Irã (ambos com mais de 40 mil alunos).
O Brasil, embora lidere a América Latina, não aparece no Top 5 de países emergentes – ele está em 7º lugar.
“Notamos também que a mobilidade internacional não é buscada apenas por estudantes de países emergentes, mas também por aqueles que já estudam em localidades com as melhores universidades em rankings globais”, ressalta Leany.
Segundo o estudo, o Brasil tinha, em 2022, 900 alunos de mestrado e doutorado no Reino Unido – um número bem inferior a, por exemplo, de estudantes provenientes dos Estados Unidos (12 mil), Alemanha (5 mil), França (4 mil), Canadá (4 mil) ou Austrália (1 mil), mesmo se controlarmos pelo tamanho da população universitária.
Os EUA têm uma vez e meia a população universitária (graduação) do Brasil. Mantida a proporção, o Brasil “teria” 8 mil estudantes no Reino Unido.
Nos Estados Unidos – país que mais recebe estudantes internacionais ou estrangeiros no ensino superior, segundo a OCDE – há bem menos brasileiros em programas de mestrado e doutorado do que estudantes vindos de países como a China (seis vezes menos) ou vizinhos regionais, como a Colômbia (quatro vezes menos), além de México e Chile (duas vezes menos).
Atuação em diversas frentes
O modelo do Instituto Trajetórias inclui atuação em diversas frentes: na preparação dos candidatos a mestrado no exterior, no apoio para prover alternativas financeiras e no suporte no retorno ao mercado de trabalho no Brasil.
Na parte financeira, está sendo estruturado um tripé que combina apoio governamental, universidades internacionais e filantropias.
Governos parceiros oferecerão bolsas de estudo aos estudantes; universidades de excelência concederão descontos; e a filantropia aportará recursos que vão possibilitar crédito em condições muito mais favoráveis que as do mercado, para estudantes que ainda precisem complementar seu financiamento.
Até a segunda semana de outubro, o Instituto Trajetórias assinou acordos de cooperação e protocolos de intenção para a oferta de bolsas de estudos com:
Estado do Espírito Santo
Estado de Goiás
Estado de Minas Gerais
Estado do Paraná
Estado do Rio Grande do Sul
Prefeitura do Rio de Janeiro
ENAP (Escola Nacional de Administração Pública)
Também foram assinados protocolos de intenção com instituições de ensino reconhecidas internacionalmente, que deverão conceder descontos parciais nas taxas escolares para bolsistas brasileiros:
University College London - UCL (Reino Unido)
École Polytechnique de Paris (França)
Hertie School (Alemanha)
ESCP Business School (campus Espanha)
O Instituto continua em negociações com outros Estados, municípios e universidades estrangeiras, que poderão aderir ao projeto nos próximos meses.


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